sexta-feira, 1 de maio de 2009

On the edge

Este sofrimento era-lhe tão familiar. Demasiado familiar. Dava por si constantemente a pensar nele. Estava completamente apaixonada e novamente à beira do abismo. Era tão previsível. Ela e a sua atracção pelo fracasso. Apesar de já o respirar, de o sentir constantemente tomou a decisão de não lutar. Não estava em posição de o fazer. Isso cabia-lhe a ele, era dele que devia partir alguma atitude. Estava a deixar-se dominar pela angústia, pela saudade mas tinha consciência de que estava tudo fora do seu alcance. No fundo sabia que era tudo uma questão de tempo, conhecia-o o suficiente para não alimentar a esperança num futuro juntos. A culpa não é dele. A culpa é da vida que os juntou demasiado tarde.
Estas tomadas de consciência matavam-na. Perdia-se entre o desespero e a amargura. No fundo servia-lhe o contentamento de saber que não tinha perdido a capacidade de mar, que afinal ainda estava viva. Talvez por isso valesse a pena sofrer, outra vez.

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