terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Absurdos - I

A vontade de escrever diminui a cada dia que passa à medida que vai dando lugar a uma ansiedade terrível. As insónias oscilam entre pesadelos violentos, fazendo com que a noite se torne cada vez mais escura. Fujo. Por vezes nem sei de quem. É de mim. Deve ser de mim, só pode ser de mim. Constantemente entro em conflito comigo própria, como se dentro de mim vivessem duas pessoas com personalidades verdadeiramente distintas. Assim ninguém vive, assim não é vida. Gostava de trocar de vida, nem que fosse por um só dia. Uma outra vida qualquer desde que não fosse a minha. Gostava de ajudar alguém e depois gostava que esse alguém ajudasse outra pessoa. Gostava de salvar o mundo desde que me fosse permitido escolher os seus habitantes. Gosto do meu umbigo. Gosto de sofrer e habituei-me de tal forma a este estado que inconscientemente o procuro. Neste estado sinto-me mais viva. À beira do abismo sinto aquela brisa suave que só quando estamos naquela posição a podemos sentir. É como ouvir vezes e vezes sem conta aquela mesma música, só que de todas as vezes que a ouvimos reparamos em algo novo.
Tenho alturas boas. Aqueles trinta segundos em que procuro o telemóvel para desligar o despertador são os melhores do dia. O único pensamento que me assola a mente é uma vontade incontrolável de parar aquele ruído e virar-me para o outro lado. Os pesadelos são melhores do que esta "normalidade" altamente deficitária de tudo o que é bom para mim. Egoísta? Já vos tinha avisado que gostava demasiado do meu umbigo. Pensando melhor vou parar de escrever e contemplá-lo - é a única coisa que me resta!

2 comentários:

TR disse...

Não será a única coisa que te resta, agora talvez seja a única coisa que tens vontade de fazer. Lembras-te do "Obriga-te", ainda vale...
.::Telmo::.

Francis disse...

Também posso comtemplá-lo ? opá vá lá...vá lá coisinha vá lá...

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